Atacante do Flamengo foi indiciado pela Polícia Federal por supostamente forçar cartão amarelo e beneficiar apostadores em partida contra o Santos, em 2023
O indiciamento de Bruno Henrique na última quinta-feira,15, é resultado de uma extensa investigação da Polícia Federal. O alerta para apostas suspeitas em um cartão amarelo no atacante do Flamengo, em uma partida contra o Santos, ainda no Brasileirão de 2023, partiu das próprias casas de apostas esportivas online.
Casas de apostas, as populares BETs, foram regulamentadas no Brasil em setembro do ano passado e, com isso, passaram a seguir normas internacionais em pontos que vão do jogo limpo à coibição de lavagem de dinheiro por exemplo. No caso Bruno Henrique, dois órgãos de fiscalização estavam diretamente envolvidos: Ibia (Associação Internacional de Integridade em Apostas) e Sportsradar.
Foram esses órgãos que identificaram um número anormal em uma aposta que seria então improvável. Com pessoal treinado para identificar irregularidades e recursos modernos, utilizando inclusive inteligência artificial, esses organismos detectaram até 95% em um amarelo de Bruno Henrique dentro do mercado de cartões.
“Todas as empresas que oferecem apostas em um ambiente regulado estão vinculadas a um organismo de integridade do esporte. Normalmente, as mesmas empresas que oferecem o valor da odd [indicador do valor que se pode ganhar com aquele evento] são as mesmas que fazem o monitoramento. Esse número é friamente calculado e trará prejuízo caso uma estatística improvável aconteça”, explica Filipe Senna, mestre em regulação de jogos e apostas.
Uma vez identificado esse número, as empresas acionaram a CBF, que através do departamento de Unidade de Integridade passou a trabalhar com a Polícia Federal nas investigações. A operação, denominada Spot Fixing cumpriu 12 mandados de busca e apreensão no Rio (RJ), em Belo Horizonte, Vespasiano, Lagoa Santa e Ribeirão das Neves (MG).
Ao final, um relatório de 84 páginas foi entregue ao Ministério Público do Distrito Federal, que agora avalia oferecer denúncia contra o jogador. Além de Bruno Henrique, outras nove pessoas foram indiciadas até o momento.
Passo a passo do Caso Bruno Henrique
* BETs notaram aumento significativo de apostas em cartão amarelo;
* Órgãos de regulamentação (Ibia e Sportsradar) avisaram CBF;
* Unidade de Integridade da CBF entregou investigação para PF;
* PF deflagrou operação que indiciou dez pessoas;
* Relatório de 84 páginas foi entregue ao MP;
* STJD pediu relatório do caso;
* MP estuda oferecer denúncia
Segundo os últimos dados do Banco Central, divulgados em setembro do ano passado, 24 milhões de pessoas físicas faziam apostas. Depois da regulamentação, nessa mesma época, novos usuários aderiram às plataformas, mas é sabido que outros desistiram das apostas esportivas.
“Pode parecer que não, mas as casas de apostas são vítimas das manipulações. Elas têm contrato com empresas que fazem essas análises e, quando algo sai do padrão, como ter de pagar uma estatística improvável, ela perde dinheiro”, concluiu Senna.
Bruno Henrique se manifestou nas redes sociais com uma passagem bíblica: “Não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.” O Flamengo publicou uma nota: “O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal.”
Fonte: Revista Placar